Conhecendo Valkyria Revolution
A Sega adapta a jogabilidade em relação aos títulos anteriores, porque jogos de ação vendem mais que jogos de estratégia. A Hero Quest te convida a conhecer Valkyria Revolution.
| Nome | Valkyria Revolution | ||
| Plataforma | Playstation 4 | Duração | 38 Horas |
| Lançado | 27/06/2017 | Finalizado | 24/07/2017 |
Com a globalização, as produtoras japonesas foram perdendo cada vez mais espaço no mercado de videogames. Na tentativa de agradar o público ocidental, a SEGA fez uma aposta bastante arriscada, e alterou as principais mecânicas de uma série que já havia se saído muito bem no mercado americano, e foi assim que chegou Valkyria Revolution em 2017, sendo um spin-off, ou seja, um subproduto da série Valkyria Chronicles.
Este é o quarto jogo da franquia Valkyria Chronicles, e a principal diferença entre Chronicles e Revolution, é que Chronicles tem um combate estratégico por turnos, com elementos de ação, enquanto o Revolution tem combate de ação, com elementos de estratégia.
Existe uma pedra preciosa chamada Ragnite, que é o combustível que garante o conforto das pessoas, gerando energia, água quente, movendo veículos além de ser utilizado para o uso de magia. Por ser um recurso escasso e poderoso, várias guerras começaram a eclodir por todo o mundo, pois o poder de uma nação é proporcional à quantidade de Ragnite que este país possui.
A história de maneira geral gira em torno de duas nações, Jutland e o império Ruzhien, e o jogo começa mostrando um aluno de Jutland perguntando a sua professora, o que foi que realmente aconteceu durante a guerra contra o império Ruzhien, e qual foi o real papel dos Cinco Traidores pois segundo a sua pesquisa, alguns fatos não faziam sentido.
A professora então decide contar a história que escutou de sua bisavó, e o jogo faz então um flashback onde somos apresentados ao personagem principal, chamado Amleth, que é um membro dos Cinco Traidores.
Os Cinco Traidores é composto por cinco pessoas, onde cada uma tem um tipo de especialidade, como por exemplo: política, mídia, indústria armamentista, militar e espionagem.
Todos os cinco são órfãos que tem como objetivo executar uma ação terrorista, onde a idéia é forçar Jutland a entrar em uma guerra contra o império Ruzhien, para que de esta maneira eles possam ter a chance de resgatar a Professora do orfanato que era a responsável por eles quando todos eram crianças, e que atualmente se encontra aprisionada pelo império inimigo.
Jutland tem uma grande reserva de Ragnite, e agora que Amleth está infiltrado no exército como capitão de esquadrão, temos a oportunidade de colocar o plano dos Cinco Traidores em ação, e assim iniciamos a aventura.
O foco na narrativa
O jogo tem uma personalidade própria, e toda a história é contada através de flashback que são acionados por livros.
Temos o diário da professora, que são histórias paralelas que podem ter ou não relação com a história principal. O objetivo dessas histórias é conhecer mais sobre os personagens do seu esquadrão, e também podemos destravar habilidades únicas para cada um dos personagens. Para desbloquear este conteúdo, temos que jogar com cada personagem, repetir missões da história principal, cumprindo algum tipo de requisito específico, como vencer a 50 inimigos por exemplo.
O livro do aluno possui anotações, que são separadas por capítulos e adicionam várias fotos e comentários, servindo também para ver a pontuação que conseguimos nas missões da história principal, além de habilitar a possibilidade de rever qualquer cutscene, e até mesmo trechos extras da história principal que vão ficando disponíveis conforme vamos avançando na história.
E por fim temos o glossário, que é o livro que explica a lore do jogo, a política, termos utilizados, e outras coisas que não são explicadas em nenhuma outra parte, mas que são importantes entender para poder absorver toda a narrativa, que é onde o jogo claramente tentou dar uma maior ênfase.
A tentativa para agradar
Apesar do jogo ter como objetivo o público ocidental, ele não perdeu os traços da cultura japonesa. É bastante comum encontrar piadas sem noção ou bizarrice em momentos que deveriam ser sérios, apenas porque isso faz parte da cultura japonesa, algo que algumas pessoas que não estão acostumadas podem sentir vergonha alheia.
Mulheres peitudas e reações exageradas podem ser ofensivas para algumas pessoas, mas eu particularmente adoro essa cultura sem noção, e tudo fica melhor com a dublagem em Japonês que está disponível no menu de opções, e possui vários dubladores conhecidos, mostrando que a equipe realmente colocou dinheiro neste quesito.
Outro quesito que ganhou parte da verba, foram as músicas compostas por Yasunori Mitsuda, que para quem não conhece, é o compositor da trilha sonora de outros jogos como Chrono Cross, Xenogears e Xenoblade. Existem outros compositores aqui, mas as músicas do Yasunori Mitsuda facilmente se destacam, e isso foi utilizado como ponto de venda, pois a mídia física do jogo vem com um CD de música contendo um compilado com as melhores trilhas sonoras.
O sistema de Ragnite
Se durante uma missão o tempo passar e chegar a noite, existe a possibilidade do seu esquadrão ser atacado por uma Valkyria, que é uma espécie de mini chefe. A Valkyria é uma excelente fonte de Ragnite, mas é necessário muita habilidade para conseguir vencê-la.
Podemos utilizar as Ragnite como parte do equipamento dos personagens do nosso esquadrão, desta forma eles poderão utilizar magias. Cada Ragnite tem um nível e um elemento específico, e cada personagem tem uma afinidade com determinado elemento, além de também possuir um nível. Então se um personagem tem o nível 5 do elemento fogo, podemos equipar uma Ragnite de fogo até o nível 5, e quanto maior o nível, mais poderosa será a magia.
Podemos aumentar o nível de Ragnite dos personagens, utilizando dinheiro para fazer melhorias nas armas. Também é possível comprar e vender as pedras de Ragnite nas lojas, mas as melhores recompensas conseguimos no campo de batalha.
A grande vantagem de possuir magias, é que existe uma mecânica de quebra de defesa. Ao utilizar determinado elemento contra inimigos que tem debilidade para esse mesmo elemento, ele será atordoado e isso vai de maneira significativa agilizar a batalha, principalmente contra os chefes.
Um jogo de baixo orçamento
Apesar de ser uma aposta da SEGA, esse claramente é um título que não teve muito orçamento. Para o marketing do jogo, foi utilizado a cena de abertura sem a voz do narrador para servir como trailer.
Apesar dos modelos dos personagens serem bem feitos, a animação sofreu, e os modelos em 3D não conseguem passar emoções na mesma intensidade da dublagem, ficando parecendo bonecos por não terem quase nada de expressão facial.
A maioria das cenas são estáticas, e cabe ao jogador imaginar a cena como deveria ser, e claramente não tiveram dinheiro para animar as cenas, pois existem vários momentos que os personagens falam de costas para a câmera, apenas para não animar a boca se movimentando enquanto falam.
Limitado por culpa do Vita
O título foi pensado para sair no portátil da Sony, o Playstation Vita, e isso gerou vários problemas de design.
Por causa da capacidade do portátil, os desenvolvedores criaram poucos mapas, que são pequenos e se repetem várias vezes. Não existe muita variedade de inimigos e eles sempre aparecem em pouca quantidade para evitar lentidão durante as batalhas, mas a lentidão acontece do mesmo jeito.
A cidade principal é dividida em blocos de pequenos mapas, então quando queremos ir de uma área para outra, isso vai acionar um pequeno loading. O problema é que toda hora existe loading e com o tempo eles vão esgotando com a nossa paciência. Para dar uma ideia, existe loading quando morremos, loading para carregar os chefes, loading para acessar o menu, loading para iniciar uma cutscene, e até mesmo loading para carregar outro loading.
Se o Playstation Vita tivesse mais memória, ou se pelo menos tivessem feito uma otimização, com certeza não seria necessário ver nada disso no Playstation 4.
Um jogo quebrado
Existe a possibilidade de definir táticas para o seu esquadrão, como por exemplo atacar inimigos fracos ou curar companheiros com a vida baixa, mas a inteligência artificial simplesmente não respeita essas táticas, não que isso seja um grande problema pois a maioria dos chefes conseguimos vencer apenas esmagando o botão de ataque. Geralmente demora vencer os chefes sem magia, mas dá para fazer sem dificuldade, exigindo apenas a paciência do jogador.
Também temos uma mecânica de criação de itens e equipamentos, mas não vale a pena perder tempo com isso, pois o equipamento quase não faz diferença na jogabilidade, e o que conta aqui é o nível do personagem, ou seja, se a missão é recomendado para o nível 10 e você está no nivel 11, com certeza vai tirar o rank S.
Isso gera um problema, pois a diferença entre as missões geralmente são de 10 níveis, ou seja, quando acabamos a missão de nível 10 temos que repetir a missão até chegar no nível 20, e assim finalmente ir para a missão de nível 20.
Gostaria de recordar a opção de desbloquear história extra para personagens secundários, onde temos que jogar algumas missões com o personagem específico, cumprindo alguns objetivos. Isso não seria um problema se o jogo não fosse quebrado, mas é necessário passar por isso se você quiser ver o final verdadeiro.
E não vou nem falar nada sobre a câmera, que é horrível por sinal.
Roteiro
Sabemos que os desenvolvedores colocaram muita ênfase na narrativa do jogo, mas infelizmente existem vários furos de roteiro, coisas que não são explicadas ou explicações feitas por conveniência, como por exemplo o fato da princesa, filha única, estar lutando na linha de frente do exército, e o próprio rei não fala nada, porque se não fosse assim não seria Anime.
A narrativa com o tempo se torna bem previsível, pois se apoia em clichês, deixando previsível até mesmo o final secreto, retirando completamente as emoções das cenas, pois já sabemos o que acontecerá.
Quando Valkyria Revolution foi anunciado, e apresentaram uma demonstração, eu vi muita gente reclamando.
No início pensei que fosse reclamação dos fãs porque agora era um jogo de ação, mas eu não tinha ideia da bomba que estava por vir. Aparentemente os produtores sabiam o que tinham feito, e o título saiu com um preço bem abaixo do valor de um lançamento.
Valkyria Revolution não agradou o público ocidental e nem mesmo o oriental, e por muito tempo os fãs pensaram que este seria o último jogo da franquia, mas depois de alguns anos a SEGA finalmente lançou o Valkyria Chronicles 4, que voltou com as mecânicas do original.