Review  
Dragon Quest VI

Na sombra de Chrono Trigger

Dragon Quest VI

Dragon Quest VI foi lançado depois de 1 ano de atraso, já que Yuji Horii estava dividindo seu tempo com outro projeto que conhecemos como Chrono Trigger.

  • Nome: Dragon Quest VI
  • Plataforma: NDS
  • Lançado: 20/05/2011
  • Finalizado: 17/09/2017
  • Duração: 63 Horas

intro

O ano é 1995 e Yuji Horii estava entregando o aclamado Chrono Trigger, o principal responsável pelo atraso de 1 ano de Dragon Quest VI, que só saiu em dezembro deste mesmo ano.

Além disso, este era o primeiro Dragon Quest produzido pela Heartbeat, já que até então Dragon Quest sempre tinha sido produzido pela Chunsoft. Diz a lenda que a Heartbeat foi escolhida, devido aos altos custos de produção do Super Nintendo, comparado com o Nintendinho.

Todos sabemos que Chrono Trigger é um dos melhores jRPGs de todos os tempos, conseguiria Dragon Quest VI ser tão bom quanto?

Lembrando que estarei comentando este título, tendo como base o ano em que ele foi lançado, além de que farei muita comparação com os jogos anteriores, então se ainda não leu as análises, pode seguir este guia aqui.

Dragon Quest VI vs Chrono Trigger


Parte Boa

Sistema de Vocations

Dragon Quest VI tenta voltar às suas raízes, e traz de volta o sistema de classes que aqui chama Vocations.

Cada classe tem seu próprio nível e pode chegar no máximo ao level 8. Conforme você vai subindo de level, você vai aprendendo habilidades daquela determinada classe, e para subir de level é necessário um determinado número de batalhas randômicas.

O sistema é composto por 9 classes básicas, 7 classes híbridas que só abrem depois que o personagem maximiza uma ou mais classes básicas, além de 2 classes secretas que só é disponibilizadas quando utilizamos um item no personagem, totalizando 18 classes.

Cada classe possui vantagens e desvantagens, mas as habilidades aprendidas são mantidas, então você pode criar personagens overpowers! Outro ponto importante de comentar que ao ter avançado em todas as classes pelo menos até o level 5, você abre uma dungeon bônus que muda (quase nada) o final.


Mundos

Desta vez temos 2 mundos para explorar, o mundo do sonhos(vou explicar mais pra frente) e o mundo real.

Apesar dos dois mundos terem basicamente as mesmas cidades e os mesmos NPCs, o layout é um pouco diferente, e não deixa de ser uma boa ideia já que dependendo do que você faz no mundo 1, pode afetar o mundo 2 por exemplo.

Outra coisa que adicionaram foi um meio de transporte subaquático, ou seja, você pode mergulhar no mar e andar submerso, e quando você está submerso existem algumas áreas que você pode entrar e explorar. Então em teoria seriam 3 world maps.


Outras adições

Neste jogo além dos personagens principais, existem alguns personagens secretos que podem ser recrutados, além da possibilidade de recrutar alguns tipos de Slime.

Os Slimes são importantes, porque você pode utilizar eles na arena de batalha de Slimes. Nessa arena de batalha o seu Slime luta contra outros monstros, sem o seu controle, ganhando vários tipos de prêmios dependendo do level que você escolheu. Lembrando que todos os personagens recrutáveis podem aprender todas as Vocations.

Outros mini games se mantiveram, e alguns foram adicionados, mas nada a acrescentar pois são totalmente opcionais, com exceção de 1.

Ao equipar os equipamentos e acessórios, vai alterando um parâmetro do personagem chamado Style (estilo), e esses pontos servem para ganhar um campeonato de estilo, que é fundamental em determinado ponto do jogo, para que você possa ganhar um item que avança na história. Existem algumas lojas que aumenta os pontos de Style do equipamento em troca de dinheiro, e até que é legalzinho esse mini game.


Dragon Quest VI Mapa


Parte Ruim

História e narrativa

Você começa o jogo já contra o que seria o boss final e perde miseravelmente. Quando você acorda, você não tem as memórias do que aconteceu e momentos depois descobre a existência do mundo real, já que você estava no mundo dos sonhos. Agora cabe a você entender o que está acontecendo enquanto resolve os mistérios dos 2 mundos.

Como podem ver a premissa não é tão ruim, o único problema aqui é o método que a história é contada é totalmente confusa, além dos vários furos de roteiro o tempo inteiro e potencial desperdiçado.

Por exemplo, no início um dos seus companheiros usa uma ocarina para chamar um Dragão para voar pelo mapa, algo que nunca mais é citado ou utilizado no jogo. Em determinado ponto do jogo você pode ir pra onde você quiser, mas várias vezes você começa uma quest que tem um contexto da história que você ainda não viu, pois você ainda não fez aquela quest que supostamente era pra você ter feito, deixando o jogador confuso e desinteressado.

A impressão que eu tenho, é que várias equipes da produtora trabalharam em determinada parte do mapa e quest, mas na hora de juntar tudo, e devido aos atrasos, a mistura não ficou uniforme, gerando essa experiência caótica chamada Dragon Quest VI.

Para ter ideia, o chefão é introduzido, você vai na dungeon dele e ele morre! É como se cada equipe tivesse criado seu próprio chefão, mas todos morrem do mesmo jeito logo após serem introduzidos na história.

Sem dúvidas eu fiquei muito decepcionado com a narrativa aqui, e acredito que essa foi o maior motivo da baixa aceitação desse título pelos fãs, pois nem parece que você está jogando um Dragon Quest.


Jogo focando em Grind

Lembra das Vocations, que para subir de level você precisa de um determinado número aleatório de batalha? Então, o jogo todo foi produzido pensando nessa mecânica e isso gerou um dos piores defeitos deste título.

O que eu quero dizer é que como você depende de batalhas aleatórias para subir de nível nas Vocations, o jogo adicionou batalha aleatória a cada 2 passos. Além disso todas as dungeons são gigantes labirintos sem graça para que você tenha que andar bastante, para gerar mais batalhas aleatórias, para que você possa evoluir mais classes.

Para que ter uma ideia, eu gastei umas 40h de gameplay só para evoluir 16 das 18 classes com todos os meus personagens. A minha sorte é que no final eu descobri que nesse título a habilidade Holy Protection realmente funciona quando você tem um nível mais alto que os monstros do mapa, o que me permitia andar livremente sem essas malditas batalhas aleatórias.

E sabe qual o maior problema disso, eu praticamente grindei tanto, que praticamente eliminei toda a dificuldade do jogo. Venci o chefe final, deixando a IA dos meus companheiros de equipe ligada, e dando ataque normal no boss que arrancava 350 de dano sem morrer nenhuma única vez. Mais uma prova que o jogo foi construído todo quebrado.


Outros pontos ruins

Esse título tem conversa paralela igual no título anterior, mas a execução aqui é bem pior, não dando o carisma necessário aos personagens. Em determinado momento eu simplesmente não tinha interesse no que o personagem dizia paralelamente.

O sistema de dia e noite não existe aqui. Você jogará a luz do sol o jogo inteiro. Apesar do Dragon Quest V não ter se aproveitado tanto dessa mecânica, ainda assim considero que foi a perda para o título.

O final é igual o do Dragon Quest V, e o fato da equipe não ter se preocupado em evoluir a franquia é bem preocupante. Como comentei anteriormente, até que tem um “final secreto” que muda uma coisinha ali, outra aqui, mas comparado ao Chrono Trigger que saiu primeiro, da para ter certeza que eles claramente não aproveitaram o potencial do Super Nintendo.

E por último, mais uma vez retiraram o puff-puff, mas adicionaram algo semelhante.


Dragon Quest VI Batalha


Conclusão

RankB

Sempre que via as baixas notas do Dragon Quest VI, eu pensava que era porque a série estava fazendo mais do mesmo, e por isso os críticos davam bomba.

O problema é que eles regrediram a série em termos de narrativa. Eu não tinha grande expectativa em cima dele, mas mesmo assim este jogo conseguiu me decepcionar.

É claro que nem tudo aqui é ruim, a mecânica de Vocations com 18 classes para criar o personagem mais poderoso do mundo e a batalha de Slimes são bem legais, e seriam ainda melhores se essas mecânicas não dependessem tanto de Grind.

Esse é um título para fãs da franquia, que não ligam de perder mais de 30 horas fazendo grind para verem uma história mediana.

Boa sorte!


 Sogoken
22/09/2017 
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