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Dragon Quest VII

O desperdício dos 32-bits

Dragon Quest VII

Dragon Quest VII volta ao ocidente com força total, sendo o primeiro título a fazer o uso de gráficos 3D. Mas será que a Heartbeat conseguiria entregar um título a altura?

  • Nome: Dragon Quest VII
  • Plataforma: 3DS
  • Lançado: 16/09/2016
  • Finalizado: 28/11/2017
  • Duração: 86 Horas

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Introdução

Parte Boa

Parte Ruim

Conclusão

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Originalmente planejado para o Nintendo 64DD, o acessório bizarro da Nintendo que falhou miseravelmente, Dragon Quest VII finalmente saiu para o Playstation depois de vários atrasos já que a equipe de produção queria atender a expectativa dos fãs, neste que seria o primeiro Dragon Quest a incluir elementos 3D.

É interessante comentar que este título foi lançado oficialmente na América como Dragon Warrior VII, sendo que o último título lançado na terra do tio Sam antes desse, tinha sido o Dragon Quest IV que já comentamos anteriormente.

A desenvolvedora foi a Heartbeat, responsável também por Dragon Quest VI, e que mais tarde trabalhou no remake de Dragon Quest IV para o Playstation que nunca saiu do Japão, porque a empresa simplesmente fechou as portas antes de localizar o jogo. Aparentemente o motivo foi o aumento dos custos de produção, independente do sucesso alcançado com os títulos anteriores.

Mas sinceramente nunca gostei da Heartbeat de qualquer jeito.

Dragon Quest VII

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História

Como a maioria dos Dragon Quest, a história do jogo na verdade é bem simples. Seguimos a história do herói que vive na ilha Estard, que é a única ilha do mundo. O herói e seus amigos constroem um barco para partir em uma jornada em busca de outras ilhas, pois segundo eles, é impossível que exista somente uma ilha no mundo.

Uma série de eventos acontecem, e vocês acidentalmente viajam no tempo e meio que são transportados para outra ilha que estava sobre as influências do mal. Ao libertar a ilha e finalmente conseguir voltar para casa, e por alguma razão todos os habitantes da sua aldeia estava especulando sobre uma ilha misteriosa ter surgido do nada.

No decorrer da história, descobrimos que as ilhas do mundo desapareceram por culpa do Demon Lord, e ao encontrar fragmentos mágicos dos mapas das ilhas, é possível viajar até elas para combater as influências do mal, restaurando o mundo como era antes. E é basicamente assim que iniciamos a nossa aventura.

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Parte Boa

Mecânicas de abrir ilhas

Como comentei anteriormente, temos que viajar a cada ilha para resolver os problemas e conflitos que ali existiam, de forma que eliminamos as influências do Demon Lord.

Essa mecânica é bem interessante, pois cada ilha é bem diferente uma da outra, e sentimos como se realmente estivéssemos em uma jornada épica, pois cada ilha tem sua própria cultura, crenças e desafios, fazendo com que o jogo consiga sempre dar uma refrescada a cada nova ilha visitada. Isso na verdade é bem importante, pois o jogo se torna mais dinâmico e menos enjoativo, pois vale lembrar que até o momento este é um dos maiores jogos da franquia.

Depois que salvamos a ilha, podemos visitar ela nos dias atuais, e é bem interessante ver como tudo mudou depois que você influenciou positivamente naquele ambiente. Outra coisa legal que o jogo faz, é que quando a ilha está sobre as influências do mal, o mapa apresenta um céu negro e mais inimigos estarão circulando pelo mapa. Já quando salvamos a ilha, o céu volta a ficar azul e temos menos inimigos no mapa, dando uma sensação de missão cumprida.

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Mundo vivo e interativo

Tudo no jogo acontece de forma natural, em momento nenhum parece que uma situação foi forçada só para dar sentido na obra, e isso é bem legal, pois existem vários momentos com plot twist que pega o jogador desprevenido sem parecer artificial.

Em alguns casos o jogador também tem a possibilidade de resolver uma mesma situação de várias formas. Por exemplo, em uma luta contra um determinado chefe, temos a possibilidade de vencer lutando contra ele como qualquer outro chefe normal, mas também temos a possibilidade de utilizar um item específico da história, que pertence ao contexto daquele chefe em específico, encerrando a luta na hora e adicionando alguns diálogos extras referente a aquela situação em especifico.

Outra mecânica que não podemos deixar de fora, é a interação entre os membros da party, que sempre estão conversando sobre as situações que estão ocorrendo no momento, além de dar dicas sobre o que o jogador deve fazer ou para onde ele deve ir. Também é importante comentar que o diálogo dos NPCs mudam, dependendo de qual membro está ativo na sua party no momento.

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Outros pontos positivos

Existe uma ilha que vai crescendo à medida que vamos recrutando determinados moradores para que habitem a ilha, sendo uma mecânica muito similar da que vimos em Dragon Quest III e também em Suikoden II.

Em uma parte da história, devemos participar de um torneio, o que não é nada extraordinário, mas é que adoro quando tem torneios nos jRPGs. E por último, mas não menos importante, temos a volta do lendário Puff Puff!

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Parte Ruim

Backtracking e Grinding

Apesar de ser o primeiro Dragon Quest a utilizar o 3D, os gráficos eram muito ultrapassados para a época em que ele foi lançado, algo que foi totalmente ajustado na nova versão do 3DS, mas que infelizmente não é o suficiente a ponto de corrigir os level design.

O que quero dizer com isso, é que o jogo foi todo construído para ser jogado por partes, onde de um modo ou de outro, vamos alternando entre os vários mapas. O maior problema disso é que o jogo depende muito de backtracking, ou seja, por diversas vezes você é obrigado a voltar do ponto B para o ponto A, sem a possibilidade de utilizar o fast travel. E vou reforçar, o backtracking deste jogo beira o absurdo e somos obrigados a voltar aos mesmos lugares por até 6 vezes (sim, eu contei).

Sabendo disso, para “facilitar” no remake, eles deixaram os inimigos visíveis no mapa, ou seja, aqui não existem batalhas aleatórias, a batalha só inicia quando tocamos em algum inimigo do mapa. Mas infelizmente isso não deixa de ser uma grande mentira, pois todo o tempo sempre veremos um inimigo parado bem na porta, te obrigando a batalhar caso você deseje prosseguir, e sem falar que sempre surge inimigos bem debaixo dos personagens, tirando todo o sentido de poder ver os inimigos no mapa, já que dificilmente você conseguirá fugir deles.

E isso é meio que de propósito, e o motivo disso é que novamente as Vocations voltaram, o que significa que para masterizar alguma classe, devemos batalhar uma determinada quantidade de vezes. Sim, esse sistema está funcionando igualzinho ao do Dragon Quest VI, e recomendo fortemente que você dê uma olhadinha lá, caso não esteja entendendo nada.

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Lento e injusto

O início do jogo é bem lento, pois eu que gosto de explorar, demorei mais de 1 hora para ter minha primeira batalha contra monstros. Não que isso seja um problema, já joguei vários jogos com o início lento, o problema é que o jogo inicia lento, e continua lento.

Por ser um dos maiores títulos da franquia, e também por ter essa mecânica de iniciar do zero a cada novo mapa, chega um momento que você já não sente mais vontade de seguir a história, pois apesar de te darem um objetivo global e ótimos momentos durante a história, infelizmente o jogo não consegue passar um senso de urgência ao jogador.

Para dar uma melhor ideia, por três vezes no jogo, e por culpa da história principal, você se vê obrigado a perder um personagem da sua party e isso acontece três vezes em três momentos diferentes da história que inclui uma perto do final do jogo. Claro que o jogo substitui os personagens retirados, por outros que vão aparecendo na jornada, mas o verdadeiro problema é que esses novos personagens entram na party com o level 1. Ou seja, o jogo retirou um personagem seu que estava no level 35, e substitui por outro que está no primeiro nível. E isso não é nem de longe o pior, pois se lembra das Vocations? Então, pode basicamente recomeçar do zero.

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Saiu antes da hora

Parece que mesmo depois de tantos atrasos, ainda assim a equipe de produção ainda não teve o tempo necessário para implementar tudo que queria.

Por exemplo, as cutscenes em CG são bem básicas e não fazem realmente nenhuma diferença. E gostaria de lembrar que esse jogo foi lançado um pouco antes de Final Fantasy IX, o que mostra muito bem que poderiam ter feito algo no mínimo memorável, já que no mercado existiam muitos outros títulos que se aproveitaram dessa tecnologia.

As músicas apesar de serem boa, são bem curtas e se repetem bastante, e como é um jogo longo, depois de algumas horas você já não aguenta mais escutar a mesma melodia que deve durar uns 30 segundos. Outro ponto negativo é que vários lugares diferentes em mapas diferentes reaproveitam as mesmas músicas, tornando o problema ainda mais incômodo.

No jogo também existem vários momentos, onde podemos escolher uma das várias opções de diálogo. Estes momentos são bem legais, pois é uma boa mecânica que permite ao jogador interagir com o mundo. Isso é, se as respostas tivessem algum peso ou fizessem alguma diferença. Geralmente não importa o que você responde, a consequência será a mesma. A ideia foi boa, mas a impressão que tenho é que não deu tempo de fazer isso funcionar direito.

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Não inovou

A última batalha não tem nada demais, e eu não tive nenhuma dificuldade. Sinceramente achei que essa foi uma das batalhas mais fracas de todos os jogos da franquia.

Depois que você vence, fazemos o clássico victory tour, exatamente do mesmo jeito que fazemos em Dragon Quest VI, e depois os créditos rolam. Quase 15 anos de Dragon Quest e os caras não mudaram o final.

E não somente o final, várias mecânicas de Dragon Quest continuam as mesmas, e apesar de se agarrarem na nostalgia, novas mecânicas são bem-vindas, e infelizmente não tivemos nada disso aqui. Metal Gear Solid, que tem uma narrativa mais cinematográfica, já tinha 2 anos de vida e Dragon Quest VII não tem sequer uma única linha de dialogo dublada, e o remake infelizmente não ajustou isso.

Para ter ideia de como a equipe estava sem ideias inovadoras, como veículo temos a volta do barco, tapete mágico e para inovar temos uma pedra voadora. UMA PEDRA VOADORA!

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Conclusão

RankB

Dragon Quest VII foi o primeiro da franquia na geração 32 bits a utilizar gráficos 3D, mas infelizmente parou no tempo e não aproveitou os novos recursos que essa geração proporciona.

Apesar de ter um mundo interessante, com momentos memoráveis durante a história, o jogo é lento, arrastado, tecnicamente inferior à concorrência fazendo uso de mecânicas antigas como Backtracking e Grinding.

Particularmente consigo entender porque tanta gente ama este título, pois a sua premissa é boa e o título apresente vários momentos gloriosos durante a narrativa, mas analisando friamente, é fácil perceber que este é um jogo tecnicamente ruim.


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 Sogoken
20/01/2018 
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