O Final Fantasy mais controverso
Esse é o Final Fantasy que tinha tudo para dar certo, mas infelizmente não conseguiu agradar a todos os fãs, sendo considerado o primeiro título da decaída da série.
- Nome: Final Fantasy XII - The Zodiac Age
- Plataforma: Playstation 4
- Lançado: 11/07/2017
- Finalizado: 21/02/2018
- Duração: 45 Horas
Final Fantasy XII era um jogo que comecei a jogar na época do Playstation 2, e por algum motivo que eu não me lembrava, nunca tinha terminado. Jogando agora anos depois a sua versão melhorada, entendo o porquê disso ter acontecido.
Deveria eu estar arrependido por não ter terminado este clássico antes?
História
O jogo se passa no mundo de Ivalice, que é o mundo que foi criado por Yasumi Matsuno, que também faz parte de outros jogos como Vagrant Story (esse o criador “discorda”), Final Fantasy Tactics e Crystal Defenders.
O reino de Dalmasca acaba sendo envolvido em um conflito entre Rozarria e Archadia, e acaba sendo invadido. Durante a invasão acompanhamos a Reks, um jovem cadete, e Basch, capitão do exército de Dalmasca, na tentativa de defender seu reino. Infelizmente eles sofrem uma traição, onde o Rei de Dalmasca acaba sendo morto.
Dois anos se passam, e agora acompanhamos ao irmão mais novo de Reks que se chama Vaan. Durante as suas aventuras Vaan na tentativa de se tornar um Sky Pirate, encontramos Ashe, que seria a princesa legítima de Dalmasca, que havia sido considerada morta durante a invasão, e que agora tem o desejo de recuperar Dalmasca utilizando o poder vindo de um misterioso Cristal.
Agora Vaan, sua amiga de infância Panelo, os Sky Pirates Balthier e Fran, o ex capitão da guarda real Basch com a princesa Ashe, seguem em busca do Cristal na tentativa de recuperar o Reino de Dalmasca enquanto impedem a guerra entre Rozarria e Archadia.
Sistema de batalha
Apesar de muita gente não ter gostado do sistema de batalha, encontrei ele bem interessante e gostei bastante.
Por ser um jogo criado na engine de Final Fantasy XI que é um mmorpg, o combate é em “tempo real”, de modo que controlamos somente 1 personagem por vez, mas é valido comentar que podemos dar comando aos aliados utilizando um mini menu que lembra bastante o menu de batalha do Kingdom Hearts.
Então como controlamos nosso personagem, posicionamento é super importante, pois existem inimigos que atacam de frente, outros atacam em área, então é importante utilizar o posicionamento e até mesmo o mapa para obter vantagem em cima dos inimigos. Por exemplo, é perfeitamente possível atacar um inimigo utilizando flexas ou magia de cima de uma colina, de modo que o inimigo não consegue te atacar de volta.
Outro ponto que é super importante nas batalhas, são os status que podemos receber ou infligir. Mais de uma vez no jogo, meus personagens morreram por estarem com status Stop ou Sleep sem a possibilidade de contra-atacar ou se curar. Do mesmo modo que silenciei muito inimigo com ataque magico, que dava muito trabalho.
Sistema de Gambits
O maior brilho desse jogo, é sem dúvidas o sistema de Gambit.
Como não controlamos os outros personagens o tempo inteiro, podemos customizar a inteligência artificial dos outros personagens, e é para isso que o sistema de Gambits entre. Ou seja, é possível customizar comandos do tipo: utilizar cura quando um aliado estiver com menos de 50% de hp, ou atacar com raios um inimigo que tem fraqueza contra-ataque elétrico.
É possível definir a prioridade de estes comandos, e também mais opções de comandos podem ser compradas em lojas, fazendo com que tenhamos o controle total da batalha, e quem já programou alguma vez na vida, vai se sentir em casa, pois a lógica aqui é o maior poder do jogador.
Outro ponto excelente do sistema de Gambit é que geralmente contra um inimigo forte, ou chefão, temos que customizar os comandos para se adequar contra aquele determinado inimigo, e o jogo efetivamente te permite a fazer isso a qualquer momento.
O sistema de Gambit é muito bom, mas essa ideia já existia em outros jogos como na série Tales of por exemplo.
Desafios extras
O jogo também está repleto de desafios extras para aqueles que desejam investir mais tempo no título.
Terminei o jogo no lvl 65 sem dificuldades, mas existem várias dungeons onde os inimigos estão acima deste nível, e caso o jogador queira enfrentar estes desafios, vão ter a oportunidade de testar as suas habilidades contra inimigos super poderosos. Em contrapartida, já encontrei inimigo lvl 99 em dungeon de lvl 35, gerando uma tensão ao explorar os mapas.
Ao vencer esses desafios, além da glória, o jogador vai receber recompensas como equipamentos mais poderosos e até mesmo novas Espers que neste mundo são as Summons. As Summons são monstros que podemos invocar utilizando nossa barra de limit break que enche automaticamente ao infligir dano nos inimigos.
A vantagem de utilizar as Summons, é que elas têm a sua própria barra de vida e ataques especiais baseados em determinado elemento de magia. Caso não queira utilizar sua barra para invocar a Summon, podemos utilizar uma espécie de ataque especial que também dá um dano absurdo.
Extras da versão enhanced
A nova versão do Playstation 4, veio com algumas features que melhorou e facilitou o jogo horrores.
Agora é possível jogar o jogo em 2x ou 4x da velocidade normal, e isso com o sistema de gambit bem configurado, é possível eliminar todos os inimigos do mapa em questão de minutos, permitindo avançar no jogo facilmente já que geralmente estaremos em um level acima a dos inimigos que enfrentamos.
Outra vantagem dessa versão é o Autosave. Cada vez que mudamos de mapa, o jogo salva automaticamente sozinho, então mesmo que você morra no mapa seguinte, não terá que voltar lá do início, que era o ponto onde tinha o savepoint.
Também temos o botão R3, que abre o mapa completo na tela, que facilita horrores a navegação, mesmo em pontos que você não pode utilizar o mini mapa. Outra adição é a trilha sonora que foi refeita, e que agora é totalmente orquestrada. Lembrando que é possível trocar a trilha sonora em tempo real entre a versão original e a versão orquestrada, além de poder trocar o áudio entre o inglês e o japonês.
O jogo também adicionou o modo Trial Mode, que são 100 desafios em sequência para o jogador enfrentar.
Final do jogo
A batalha final do jogo consegue empolgar e tem várias CGs bem interessantes e divertidas, que tira um pouco do gosto ruim que o jogo nos dá, e depois que terminamos o jogo abre o modo new game+, que te permite jogar o título com todos os leveis e equipamentos, que já conhecemos e vimos em vários outros jogos.
É legal comentar que o Final Fantasy XII veio primeiro como uma demo dentro do Dragon Quest VIII, o que alavancou um pouco as vendas do Dragon Quest VIII. E por fim o melhor personagem do jogo é o Balthier.
Problemas de enredo
Durante o desenvolvimento o Yasumi Matsuno teve que abandonar o projeto por problemas de saúde, então várias mudanças foram feitas no jogo, como por exemplo a inclusão de Vaan e Penelo na tentativa de criar uma conexão com o público mais jovem, algo que foi bastante criticado pelos fãs, pois são um dos personagens mais odiados da franquia Final Fantasy.
A ideia original era que o Basch fosse o personagem principal, e realmente tem muito mais sentido isso, pois seria uma história de redenção. Mas com a inclusão de Vaan principalmente, o enredo do jogo foi por água abaixo, e consequentemente os outros personagens não foram explorados da forma que deveriam.
Para ter uma ideia do que estou falando, utilizaremos Penelo como exemplo. Ela não faz nada relevante no jogo, não tem importância e tudo que sabemos sobre ela, é que ela é amiga de infância do Vaan. Se Penelo não existisse na história, ninguém sentiria falta dela, sendo que a única vez que ela tem alguma importância, é quando ela é raptada e utilizada como motivação para o Vaan seguir na história, sendo ele que ele também nem deveria existir.
Resumindo, o jogo não conseguiu me fazer importar com os personagens, com a guerra ou com o mundo. Os personagens não tem carisma, não tem background bem trabalhado e não tem motivações convincentes. O único personagem que me chamou um pouco a atenção foi o Balthier, mas mesmo assim esperava muito mais de um Final Fantasy.
E para finalizar o jogo faz a utilização de um inglês diferente na tentativa de criar uma identidade única para o jogo, mas que no final parecia que estávamos conversando com um monte de Yoda do Star Wars. Então além da história sem sal, os diálogos eram chatos e difíceis de entender, me obrigando a jogar com o áudio em inglês na tentativa de conseguir entender mais facilmente os diálogos.
Worldmap e dungeons
Os mapas são gigantescos e vazios. Por várias vezes caminhava por cenários completos que não tinha absolutamente nada, nem item, nem inimigo, nem NPC, nada. Eu realmente não sei porque fizeram o jogo assim.
Outra coisa que me fez bastante raiva, era a solução de alguns puzzles. Várias vezes o jogo te apresentava um puzzle a ser resolvido, e não dava nenhuma pista de como resolver. Por exemplo tem um portão que você tem que chamar uma determinada Summon para o portão abrir.
Também existem caminhos ocultos, que são obrigatórios para seguir em frente, e que o jogador tem que encontrar. Entendo que o jogo é de 2006, mas nem naquele tempo isso era visto como positivo.
E para matar existem magias, equipamentos e spells que só são adquiridas em determinados pontos específicos do mapa, e com uma porcentagem de sucesso. Como exemplo, existe uma dungeon que os inimigos te dão o status de disease. Esse status não te deixa recuperar o HP, então se você morre e é revivido, seu personagem vai ter 1 de hp.
A magia que cura disease é encontrada em um mapa específico, e você tem 20% de chance de encontrar essa magia em baú, ou seja, eu não conseguia avançar no jogo porque os inimigos me davam status de disease, e o único meio que eu tinha para combater isso, era encontrar essa magia nesse mapa. Felizmente a internet está aí para isso, mas com certeza essa situação não foi nada divertida, e não tem como considerar isso um ponto positivo.
Jobs e classes
O jogo tem um sistema de Licenses que te permite destravar habilidades ou permissão para equipar algum equipamento, utilizando pontos de licenças que ganhamos ao derrotar algum inimigo. Um dos problemas do original, era que o board de licença era basicamente o mesmo para todos os personagens, fazendo com que no final você tenha todos os personagens extremamente semelhantes, com as mesmas magias, mesmos equipamentos, etc e etc.
Para mudar isso, o sistema Zodiac foi criado. Agora existem 12 classes que podemos escolher, e cada classe tem seu próprio board com habilidades específicas para cada classe. As classes são divididas entre white mage, black mage, monk, knight, etc e etc, e cada classe é vinculado a um signo do zodíaco, o que não muda nada.
Até aí tudo bem, mas a parte ruim é que podemos escolher somente uma classe por personagem, e não é possível trocar depois. Então se por acaso não gostamos da classe que escolhemos, já era, não dá para trocar.
Essa nova versão veio com a possibilidade de escolher uma segunda classe, fazendo com que cada personagem tenha duas classes, algo que ameniza, mas que não resolve, já que o jogo não te deixa experimentar. Alguns dizem que é para o jogo não ficar desbalanceado, mas se você investiu tempo o suficiente para desbalancear o jogo, você merece ser recompensado por isso.
Podemos usar 3 personagens em batalha ao mesmo tempo, e todos os personagens vão ganhar LP (licenses points), mas o mesmo não acontece com os pontos de experiência, então se você tem um personagem level 10 no time reserva, e nunca usar ele, quando terminar o jogo ele terá level 10. Felizmente o jogo não te obriga a utilizar determinado personagem em determinado momento.
Final Fantasy XII foi um jogo que eu infelizmente esperei demais e não chegou nem perto de atingir as minhas expectativas.
O enredo fraco, com personagens sem graça e mundo vazio foram os fatores que me desapontaram, mas felizmente graças as vantagens dessa nova versão como aumentar a velocidade do jogo, além de um sistema de batalha totalmente customizável e divertido, não me deixaram desistir na metade do caminho, mesmo diante de dungeons que basicamente foram construídas para frustrar o jogador.
Existem vários outros jogos melhores que Final Fantasy XII, mas com todas as vantagens dessa nova versão, da para encarar, principalmente se você da maior importância a gameplay.
Foi criado uma continuação desse jogo para o Nintendo DS chamada Final Fantasy XII: Revenant Wings, mas sinceramente ainda não tenho a coragem de experimentar.