O Card Game do Kingdom Hearts
Este é o remake do primeiro Kingdom Hearts feito para um portátil, onde temos que batalhar em tempo real utilizando cartas para vencer.
- Nome: Kingdom Hearts HD 1.5 + 2.5 Remix
- Plataforma: Playstation 4
- Lançado: 28/03/2017
- Finalizado: 29/04/2018
- Duração: 26 Horas
Lançado originalmente em 2004 para o Game Boy Advance, este jogo se passa exatamente depois dos acontecimentos do Kingdom Hearts, fazendo conexão direta com Kingdom Hearts II.
Muita gente não sabia da existência desse jogo, fazendo com que ficassem extremamente perdidos durante os acontecimentos de Kingdom Hearts II. Nomura estava com o pé atrás de lançar esse título no GBA, mas como as crianças queriam um Kingdom Hearts no portátil da Nintendo, ele acabou cedendo.
Kingdom Hearts Chain of Memories foi o primeiro Kingdom Hearts totalmente em 2D, mas depois da imensa popularidade da franquia, decidiram lançar este remake em 3D junto com o Kingdom Hearts II Final Mix+, devido a importância que a história desse jogo tem ao fazer a conexão entre o primeiro e o segundo título da série.
História
Logo depois dos acontecimentos do primeiro Kingdom Hearts, Sora Donald e Pateta seguem em busca de seus amigos, porque (spoiler alert) falharam miseravelmente no primeiro jogo.
Então eles se deparam com um misterioso homem encapuzado, que diz que em frente existe algo que eles buscam, mas que para conseguir devem perder algo importante, e assim os leva para um castelo que mais tarde ficou conhecido como Castle of Oblivion. Ao entrar no castelo eles perdem todas as habilidades do primeiro jogo, e o homem encapuzado explica que Sora deve revisitar suas memórias para encontrar aquilo que perdeu.
E assim o jogo começa, Sora deve utilizar as cartas de memória para viajar entre os mundos que ele visitou anteriormente, enquanto luta contra alguns membros da Organização XIII, para tentar encontrar Riku e o Rei Mickey
Franquia Kingdom Hearts
O ponto mais forte desse jogo é a história. Aqui entendemos exatamente o que acontece com o Sora entre o Kingdom Hearts I e Kingdom Hearts II, e é extremamente necessário para que a história tenha um pouco mais de sentido de modo geral.
Aqui são apresentados vários personagens interessantes da Organização XIII e da franquia como um todo, como Axel e Naminé por exemplo. Depois de terminar a campanha do Sora, jogamos uma campanha com Riku, que além de ter uma jogabilidade diferente, explica várias coisas sobre o que aconteceu com o Rei Mickey e com o próprio Riku, que vão servir para entender melhor sobre estes personagens e também alguns eventos que acontecem em Kingdom Hearts 358/2 Days.
Boas ideias
O jogo funciona inteiramente tendo cartas como base. Todos os golpes e magias são executados através de cartas, e é necessário montar seu deck com o Sora, te permitindo a adaptar o seu deck com seu estilo de jogo. Já o Riku tem seu próprio deck, e ele vai sendo alterado automaticamente conforme vamos avançando na história.
Todos os mundos têm a suas próprias cartas, e cada mundo possui um número de salas para ser completado. Essas salas vamos criando com cartas do worldmap, e dependendo das cartas que utilizamos, muda as características da sala. Por exemplo, você pode criar sala com tesouros, com mais inimigos, menos inimigos, etc.
As cartas de mundo são divididas entre vermelhas, verdes, azuis e douradas. Dependendo da sala que você deseja entrar, é necessário utilizar determinada cor de carta, contendo determinado valor para que a porta se abra. Essas cartas conseguimos ao vencer inimigos, mas não é necessário nenhum tipo de grind, pois eu quase sempre tinha a carta necessária para abrir as portas, por exemplo.
O jogo possui um total de 13 andares, sendo que cada andar é referente a um mundo diferente.
Mecânica de combate
Cada carta tem uma pontuação que vai de 0 a 9, e existe uma mecânica de quebra de ataque. Se o inimigo joga uma carta valor 2, e você joga uma carta poder valor 5, a carta do inimigo vai ser inutilizada e o seu ataque ganha prioridade, lembrando que carta com valor 0 pode quebrar qualquer ataque, mas qualquer ataque pode quebrar cartas com valor 0, então vai depender do momento que a carta é lançada.
Existem ataques especiais que para utilizar é necessário utilizar 3 cartas de uma só vez. Quando juntamos essas 3 cartas para atacar, a soma da pontuação das cartas serão consideradas para quebrar algum ataque, mas a primeira carta é retirada do seu deck até o final daquela batalha. Se você abusar dessa mecânica, poderá ficar sem cartas para batalhar, mas o bom é que se pode utilizar cartas especiais para recuperar todas as cartas perdidas.
Ao subir de nível com o Sora, podemos escolher 1 entre 3 bônus que são: aprender uma nova habilidade, aumentar nosso HP que é a nossa vida, ou aumentar o nosso CP que são os pontos que utilizamos para equipar as cartas do nosso deck.
Já com o Riku podemos subir nosso DP que são Dark Points que servem para o Riku ficar mais tempo transformado (vou explicar mais pra frente), aumentar o AP que são Attack Points que basicamente aumenta o nosso ataque ou aumentar o HP.
Diferença entre Sora e Riku
Sora tem um Deck customizável, pode utilizar Summons e pode comprar cartas na loja do Moogle.
Já o Riku pode utilizar a mecânica de quebra de cartas para se transformar e ficar mais poderoso ao acumular 30 pontos. Ele fica transformado por um tempo limitado, mas esse tempo vai variar dependendo de quanto DP o Riku tem.
Ao utilizar todas as cartas do Deck, temos que recarregar-lo. O Sora demora um certo tempo para recarregar o Deck, e quanto mais vezes recarregamos o Deck, mais tempo vai demorar para o Deck ser recarregado. Já o Riku pode recarregar o Deck instantaneamente.
Sora pode utilizar várias Keyblade diferente, e cada carta de Keyblade vai ter diferença de poder de ataque na hora dos combos. Os combos são divididos em 3 ataques, e existem Keyblades que dá mais dano no primeiro ataque (thrust) ou no último ataque (finish) por exemplo, então equipar as cartas na ordem correta, pode te ajudar a aumentar o dano de seus combos de forma significativa. Já com o Riku todas as cartas de ataque tem o mesmo dano.
Com o Riku existe uma mecânica única de Duel. Se você e seu inimigo jogam uma carta de mesmo valor, um duelo é iniciado e vocês vão ficar lançando cartas por um tempo limitado ou até que você consiga quebrar a carta do inimigo. Fazendo isso Riku dá um dano roubado, e se você não conseguir, não tem punição.
Como o Sora não pode equipar tudo o que quiser por causa do limite de CP (Card Points), existem cartas premium que tem o consumo de CP mais baixo. Assim como as cartas normais, essas cartas premium são encontradas pelo mapa, podem ser compradas com o Moogle ou podemos converter cartas normais em cartas premium. A única desvantagem é que as cartas premium podem ser utilizadas somente uma vez por batalha, mas podemos utilizar outras cartas especiais para recuperar todas as cartas premium.
Uma curiosidade é que nesse jogo a voz do Sora mudou se comparamos com o primeiro jogo. Isso me incomodou um pouco no começo, então fui pesquisar se tinham trocado o dublador, e foi quando eu descobri que o dublador era o Haley Joel Osment, que é o guri do filme O Sexto Sentido, então a voz mudou só porque ele cresceu mesmo.
Replay do primeiro jogo
Como explicado anteriormente, Sora deve ir revisitar suas memórias, então somos obrigados a revisitar todos os mundos do primeiro Kingdom Hearts, com exceção do mundo do Tarzan que não foi incluído porque a Disney teve problemas com direitos autorais.
Isso é extremamente chato, porque tirando Castle of Oblivion e Twilight Town, todos os mundos são repetidos, e servem somente para serem concluídos, ou seja, não adicionam nada ao enredo do jogo, sendo uma desculpa para que o jogo tenha alguma variedade de conteúdo.
Fora isso os mundos A Pequena Sereia e o Estranho Mundo de Jack, Sora continua com as mesmas roupas e jogabilidade, sendo que no Kingdom Hearts original era diferente para dar uma quebrada na repetição.
O mundo do Ursinho Pooh é tão ruim aqui, que nem se deram ao trabalho de incluir ele na rota do Riku, rota essa que por si só é um grande furo de roteiro, já que o Riku nem mesmo passou em estes mundos no primeiro jogo, para justificar que façam parte de sua memória.
E apesar de a rota do Riku ser relevante, adicionar contexto na história, ter uma jogabilidade diferenciada, não tinha apelo suficiente, pois quando terminei a rota do Sora, eu não tive nenhuma vontade de seguir jogando.
Jogabilidade Ruim
O jogo é extremamente difícil de controlar, acertar o primeiro golpe em um inimigo do mapa já é um desafio por si só, e o fato de ter que escolher as cartas enquanto você mira e desviar dos inimigos em tempo real só serve para acentuar essa dificuldade.
Esse título tem ótimas ideias no papel, mas na hora de executar, o jogo não perdoa o menor erro, o que me forçou a apelar para vencer. Basicamente montei meu Deck de forma a dar vários Sonic Blade, que é um golpe roubado que ataca todos os inimigos automaticamente, fazendo vencer as batalhas sem nem prestar atenção no que eu estava fazendo. Ou então com magias extremamente poderosas que limpava a tela.
Outro ponto negativo é que as melhores cartas de Keyblade são liberadas já quase no final do jogo, então basicamente venci o jogo com as cartas mais básicas mesmo. Já o Riku tem o seu proprio Deck que não é customizável, mas que vai se alterando entre os mundos, então o truque aqui é colocar muito AP de forma que você possa matar os inimigos rápido antes de morrer, já que ele não tem nenhuma carta de cura.
No final do jogo os inimigos aumentam de dificuldade de forma absurda, e o último chefe é bem apelativo. Ele fica embaralhando as suas cartas e não te dá tempo de reagir, então você acaba sendo obrigado a ficar espalmando cartas na esperança de vencer. Mas não me entenda errado, a maior batalha aqui são contra os próprios controles.
O meu erro aqui, foi não saber que não existia cena extra após os créditos, então eu poderia ter jogado no Easy sem medo de ser feliz, já que não existe nenhuma penalidade ao fazer isso. Acho que é um sinal de que o próprio criador do jogo sabia que este titulo tinha problemas.
O engraçado é que mecanicamente falando, a versão do GBA é bem superior. Acho que eles erraram na mão quando recriaram esse jogo em 3D.
Outros pontos negativos
A história aqui consegue ser tão confusa quanto dos jogos anteriores, então se não prestar atenção, dá para se perder fácil.
Você pode voltar nos andares anteriores a qualquer momento, pois existem portas com tesouros especiais que você só consegue a carta necessária para abrir a porta a partir do sétimo andar. O ponto negativo disso é que sempre que voltar a algum andar, você deve abrir as portas novamente, pois todas estarão fechadas. Esses tesouros não existem para o Riku.
Ao derrotar o chefão no final de cada mundo, ganhamos uma carta especial de inimigo que é da cor cinza. Essas cartas geralmente te dão uma vantagem roubada, mas nem sempre elas são efetivamente úteis e gastam uma quantidade de CP absurdo, então dependendo do seu estilo de jogo, elas não vão servir para nada.
Kingdom Hearts RE Chain of Memories é um jogo que é necessário para entender a história da franquia, apresenta bons personagens, tem boas ideias, mas no final é apenas uma experiência bem desagradável.
Existem vários meios para saber exatamente o que acontece na história, e recomendo que busque uma dessas alternativas, pois esse título definitivamente não vale a pena.