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Ni no Kuni II

A falta da Ghibli fez diferença

Ni no Kuni II

Ni no Kuni surgiu entre uma parceria da Level 5 com o estúdio Ghibli que foi aclamado na época de seu lançamento e acabou se tornando um clássico cult. Conseguiria seu sucessor superar as expectativas dos fãs?

  • Nome: Ni no Kuni II: Revenant Kingdom
  • Plataforma: Playstation 4
  • Lançado: 23/03/2018
  • Finalizado: 01/07/2018
  • Duração: 62 Horas

Sumario

Introdução

Parte Boa

Parte Ruim

Conclusão

intro

Ni no Kuni II foi apresentado em 2015 na Playstation Experience e foi lançado em 2018 para o Playstation 4 e PC. Desenvolvido pela Level 5 que ficou conhecida por produzir títulos como Dark Cloud, Rogue Galaxy e Dragon Quest VIII, este seria a continuação daquele que foi um fruto da parceria entre a Level 5 e o estúdio Ghibli.

Para quem não sabe o estúdio Ghibli é um estúdio de animação muito famoso do Japão, conhecido por criar movimentos extremamente fluidos e histórias que emocionam o público. Títulos como Princesa Mononoke, Meu Vizinho Totoro, Ponyo, Viagem de Chihiro entre outros, são apenas alguns exemplos que nasceram deste estúdio.

Por alguma razão, o estúdio Ghibli não foi envolvido na criação desse novo Ni no Kuni, que apesar de trazer várias pessoas do projeto anterior, teve uma aceitação mediana que mas não conseguiu atingir a mesma aceitação do título anterior.

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História

O jogo começa quando Roland, que no mundo real era o presidente de uma grande nação, acaba sofrendo um atentado e é transportado para o mundo de Ni no Kuni. Neste mundo Roland está bem mais jovem, e acaba conhecendo o garoto Evan, que é o herdeiro do reino de Ding Dong Dell, reino este que também aparece no primeiro jogo da série.

Evan acaba sofrendo um golpe de estado, e tendo seu reino tomado, ele é obrigado a fugir dali com a ajuda de Roland. Agora Evan junto com Roland deve reconquistar o seu antigo reino, mas para isso eles vão em busca da ajuda de outros reinos, e acabam construindo um novo país que tem o objetivo de unificar todas as nações.

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Parte Boa

Cuidar do seu próprio reino

No jogo temos que criar um reino chamado Evermore (infelizmente não podemos escolher o nome do reino). Este reino vamos customizando a medida que vamos investindo dinheiro e recrutando novos moradores.

Durante o jogo, vamos conhecendo alguns personagens que podemos recrutar para o nosso reino. Temos 100 personagens recrutáveis de 103 no total, e eles são recrutados ao executar alguma quest, ou só estarão disponíveis quando completamos algum pré-requisito, como já ter recrutado alguém específico, ou estar em determinado ponto da história por exemplo.

Cada personagem recrutado vai ter uma habilidade única, como por exemplo ser melhor caçador, ou ter habilidades de construir armas e etc. Temos que ir alocando os moradores nas construções, e se fazemos isso considerando as habilidades que eles possuem, conseguimos maior eficiência naquela construção.

Falando em construção, o mapa te oferece construções pré-determinadas que vamos abrindo adicionando o dinheiro do reino, que é separado do nosso dinheiro do jogo. Vamos ganhando dinheiro do reino ao completar determinadas quests, e também de tempos em tempos podemos cobrar os impostos, onde a quantidade arrecadada vai basicamente depender do nível de influência do nosso reino.

Cada construção do reino tem seu próprio nível, geralmente vai de 1 a 4, e vamos fazendo upgrades em troca de dinheiro do reino. Alguns upgrades dependemos que determinado morador tenha determinada habilidade, e quando completamos esses requisitos, podemos comprar o upgrade. É importante comentar que os moradores também tem seu próprio nível, que vai subindo conforme eles vão trabalhando no nosso reino.

As construções podem nos dar um benefício quando aumentamos o nível ou quando habilitamos alguma pesquisa. Esses benefícios podem ser novos materiais, habilidade para navegar mais rápido, habilitar novas magias, melhores itens no shop, possibilidade de fazer melhores equipamentos entre várias outras coisas.

Eu particularmente adoro mecânicas que me da a possibilidade de crescer e ter vantagens, conforme vou investindo tempo e recursos, misturando estrategia com gerenciamento de recursos, então essa é uma mecânica muito bem-vinda.

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Sistema de batalha

Podemos ter 3 pessoas ativas na party ao mesmo tempo, e as batalhas são action de uma maneira muito similar aos jogos Tales of. É possível trocar entre os personagens com apenas um botão, mas podemos controlar somente um por vez, e os outros dois ficam por conta da Inteligência Artificial.

Cada personagem pode equipar 3 armas e uma arma secundária para ataques distantes. Por exemplo o Roland pode equipar 3 espadas e tem uma pistola como arma secundária. A razão de equipar 3 armas é que conforme vamos atacando, vamos acumulando uma porcentagem que quanto maior, mais forte será a magia utilizada. Então temos que manter um balanço entre utilizar a arma mais poderosa e juntar porcentagem para aproveitar maior dano da magia.

Também podemos equipar armaduras, botas, anéis e colares. Existem os personagens que lutam com espada, os que lutam com lança e os que usam machado ou marreta, então o gameplay entre eles se diferenciam bastante. Fora isso, existe somente uma magia de cura, que geralmente é lenta além de gastar todo o MP, então é melhor utilizar itens de cura.

Mas o jogo nos ajuda com o uso de Higgledies, que são pequenas criaturas que podemos equipar para que eles possam nos ajudar nas batalhas. Cada Higgledy tem seu próprio elemento (fogo, água, dark, light, wind e normal), eles potencializam as nossas magias além de possuírem habilidades únicas de ataque, e também dropam algumas orbs no campo de batalha que servem para recuperar o nosso HP e a nossa Mana. Também é possível recuperar a Mana atacando os inimigos.

Podemos recrutar os Higgledies pelo mapa em troca de algum item, e também podemos craftar eles em uma loja do nosso reino. Cada Higgledy tem o seu próprio nível, que vai aumentando em troca de itens. No total existem 100 Higgledies para colecionar.

Conforme vamos avançando no jogo, encontramos o nosso Kingmaker, que é um animal lendário que abençoa o Rei e a seu Reino. Dito isso, na batalha o nosso Kingmaker pode dropar uma orb amarela de forma aleatória, que ativa uma espécie de modo Berserk, onde nosso ataque aumenta consideravelmente e podemos utilizar magias sem restrições de mana. Esse modo fica ativado apenas por alguns segundos, e depois voltamos ao normal.

Existe alguma variedade nas batalhas contras os chefes, como por exemplo ter que ativar algum Higgledy ou passar em uma determinada plataforma, por exemplo.

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Outras qualidades

O jogo no geral é bem bonito, e as batalhas são bem fluidas, além de ser bem amigável. Por exemplo, todas as quests ficam marcadas no mapa para facilitar a navegação. O mapa é bem variado e cada reino tem sua própria característica, o que é bem legal.

Também existe um sistema de táticas, onde podemos escolher entre algumas vantagens e desvantagens. Por exemplo, podemos escolher dar maior dano em determinado tipo de monstro, mas como consequência vamos ser mais fracos contra outro determinado tipo de monstro. Também podemos escolher entre ganhar mais experiência das batalhas, ou mais dinheiro, entre outras coisas como aumentar dano de ataque, recuperar mana mais rápido e etc.

Ao subir de nível, vamos ganhando os Battle Points que são os pontos que utilizamos para mudar os níveis de configuração do sistema de táticas. E o legal aqui é que não da pra subir todas as vantagens, sempre que escolhemos uma vantagem, vamos acabar abrindo uma desvantagem, o que me chamou atenção é que geralmente não encontramos isso em outros jogos.

E por último, algumas quests liberam roupas especiais para os personagens, o que não muda nada no gameplay, mas é legal.

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Parte Ruim

História fraca e produção

A história é bem genérica, e não possui nenhum momento realmente bom ou empolgante. No final melhora um pouco até, tentam humanizar o vilão, mas simplesmente não foi o suficiente, principalmente quando comparamos com a história do primeiro Ni no Kuni.

Os Kingsmaker por exemplo, não são tão interessantes assim para nos manter interessados e o jogo também não se preocupa em nada em aprofundar e explicar o que são eles, de onde vieram, motivações e etc. Eles simplesmente estão lá porque fazem parte do mundo e pronto.

Por algum motivo o jogo também não possui tanta dublagem, se limitando apenas às partes mais importantes e críticas da história, o que deixa o jogo bastante parecido com os jogos da era do Playstation 1, onde quase não tínhamos dublagem nas falas. Tenho a impressão que foi por um problemas de custo, mas nada confirmado.

Outro ponto que me faz pensar que foi problema de orçamento, é que o jogo possui poucas cenas animadas, sendo que a maior parte da história é contada através de cenas estáticas, onde o texto toma conta da tela, na tentativa de explicar o enredo.

Até que existem algumas referências ao primeiro jogo da série como Ding Dong Dell por exemplo, mas nada que vai realmente emocionar ou chamar a atenção de quem jogou o título anterior da série, o que é uma pena.

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Quests

As quests do jogo são geralmente divididas entre matar determinado monstro, falar com alguém em algum ponto do mapa ou entregar determinada quantidade de determinado item. Infelizmente isso gera um backtracking bem forte no jogo, e somos obrigados a voltar em vários lugares que já visitamos antes.

Essas quests são encontradas pelo mapa conversando com alguns NPCs, além de ter o swift solutions que é um NPC que te entrega varias quests. As recompensas podem ser dinheiro ou itens, mas o que realmente “vale a pena” são as que te permitem recrutar alguém para seu reino.

As quests que te obrigam a encontrar determinado item no mapa, podem consumir muito tempo além de gerar extrema frustração, mas resumindo, todas as quests são sem graça e não adicionam nada realmente interessante na jornada.

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Batalhas de tropa

O jogo te permite juntar seu exército para batalhar contra outros exércitos, algo que lembra bastante as batalhas de tropa de Suikoden. A única diferença aqui, é que essa mecânica foi extremamente mal implementada.

Dependendo do cidadão que recrutamos para o nosso castelo, ele pode ser utilizado no exército. Nosso exército é dividido entre tropas que funcionam com base em um sistema de pedra-papel e tesoura. Podemos controlar até 4 tropas ao mesmo tempo, onde espada ganha de marreta, marreta ganha de lança, e lança ganha de espada. Também existe uma quarta tropa que pode ser magos ou arqueiros, que servem para atacar de longe.

A visão dessas batalhas funcionam com a mesma visão de navegação do mapa, que é bem feia por sinal, onde vamos movendo as tropas em volta do Evan, para atacar as tropas inimigas. No início de cada batalha temos um número que é referente ao poder do exército, e esse número vai diminuindo enquanto utilizamos as habilidades das tropas. O inimigo também possui uma numeração, e quando esse número chega em 0, vencemos a batalha.

Existem outras mecânicas na batalha, como tomar acampamentos, construir torres para proteção, lutar contra monstros e etc, e o jogo consegue explicar como tudo funciona muito bem. No final da batalha nossa tropa aumenta de level, o que consequentemente aumenta nosso poder militar. A única maneira de aumentar o nível das tropas, é jogando esse modo que pode ser ativado a qualquer momento em pontos específicos do mapa.

O principal motivo de eu não gostar deste sistema é que o título te dá 4 tropas no início do jogo, e você pode muito bem vencer sem dificuldades com essas tropas. Ou seja, podemos recrutar mais tropas conforme avançamos no jogo, mas vai vencer quem tem maior nível, então não vale a pena mudar de tropa.

Existem algumas batalhas que o jogo te obriga a lutar, mas estão lá só por estar mesmo, o jogo poderia ser muito bem concluído se não tivesse essa mecânica. A impressão que eu tenho é que eles adicionaram esse modo apenas pro jogo ter mais coisa, mas é tão mal executado, chato e não necessário, que me pergunto porque não investiram esse tempo de produção para polir a história do jogo.

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Tenta de tudo mas é mestre de nada

Aqui tem tanta mecânica inútil, que realmente não entendo porque a Level 5 fez isso. Vou listar algumas coisas para passar a ideia.

Existe culinária onde podemos consumir comida para dar alguma vantagem nas batalhas como melhor ataque, defesa, recuperação de mana e etc. Mas o jogo não é difícil a ponto de você precisar disso.

Você simplesmente não precisa se preocupar em criar ou comprar armas e armaduras na maior parte do tempo, pois os inimigos vão dropar equipamentos muito melhores dos que você poderia obter por outros métodos por exemplo. Só no finalzinho vale a pena craftar as armas mais poderosas, mas como o jogo não é desafiador, fica como opcional mesmo.

Existem alguns lugares “secretos” no mapa, que só podemos acessar fazendo uso de magia. Alguns lugares são opcionais, e para conseguir o acesso, temos que destravar alguns tipos específicos de magia na loja de magias. O jogo não explica bem sobre isso, mas o único problema, é que esses lugares não valem tanto a pena ir a menos que você queira recrutar todos os Higgledy.

Nessa mesma ideia, existem alguns baús que só podem ser acessados com o uso de magia, que também podemos destravar na loja de magias, mas como os inimigos dropam itens bons, dificilmente encontrará algum baú que realmente vale a pena.

Recrutar os moradores do reino é legal, mas só dá pra recrutar todos os moradores e também atingir o nível máximo do castelo depois que terminamos o jogo. Então é meio frustrante, principalmente para quem não liga para o conteúdo pós-game como os desafios adicionais que o título oferece por exemplo.

Falando em desafios extras, durante a nossa jornada podemos encontrar alguns inimigos poderosos pelo mapa, que ao vencer dão bons itens, além de uma dungeon chamada Dreamer's Door que vai ficando mais difícil conforme mais tempo ficamos na dungeon e chefes secretos. O lado bom é que os itens que conseguimos aqui são excelentes, o ruim é que apesar de serem apresentados como desafio, não são desafios reais.

Isso é porque o jogo é extremamente balanceado, então se você estiver no level 50 e tentar lutar contra um inimigo no level 60, você vai morrer sem piedade. Mas se você também estiver no level 60, você vai vencer sem dificuldades. Resumindo, equipamentos, habilidades e tática não vão fazer a diferença aqui na hora da vitória.

Sempre que fazemos algum upgrade no nosso castelo, esse upgrade toma tempo real que geralmente vai de 30 minutos, até 1 hora completa para ficar pronto. Então se você não cuidar sempre do seu castelo, no final do jogo você não vai conseguir atualizar tudo sem ter que esperar por horas, algo que é bem chato na verdade.

A maioria das mecânicas de combate, como por exemplo os Higgledy, utilizar 3 armas, armas secundárias, battle points e etc, estão no jogo mas não mudam realmente muita coisa, pois como comentei, o título não é desafiador a ponto de precisar depender de alguma mecânica dessas.

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Conclusão

RankB

Ni no Kuni II foi um jogo que apresentou boas idéias, mas não conseguiu entregar na qualidade do seu antecessor. Apesar de ter gráficos lindos em alta definição, um combate fluido e um reino para ser gerenciado, faltou polimento em várias mecânicas que não adicionaram apelo ao título.

A falta do estúdio Ghibli realmente tirou o peso da história e o carisma dos personagens, deixando este título abaixo do esperado. O maior problema aqui, é que o jogo não sabe recompensar ao jogador dedicado, então simplesmente não vale a pena fazer tudo que o título tem a oferecer. Talvez eu estivesse com muita expectativa, mas para mim Ni no Kuni II ficou aquém de seu antecessor.


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 Sogoken
28/09/2018 
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