Contando uma boa história
Life is Strange é um jogo simples que sabe apresentar uma história com temas polêmicos de maneira simples e envolvente.
- Nome: Life Is Strange
- Plataforma: Playstation 4
- Lançado: 20/10/2015
- Finalizado: 25/08/2018
- Duração: 15 Horas
Life is Strange é o segundo jogo da Dontnod Entertainment que nessa época era conhecida por Remember Me. Foi distribuído pela Square Enix em Janeiro de 2015 com formato de episódios, sendo que o último capítulo saiu em Outubro de 2015.
A principal razão do jogo ter sido criado como episódios, é que Remember Me não fez sucesso e passou despercebido na época, então os desenvolvedores necessitavam arrecadar mais fundos enquanto se desenvolvia Life is Strange, e por essa razão o ele foi pensado para ser dividido em 5 partes, algo que a Telltale já havia provado que funcionava em 2012 com a série The Walking Dead.
Aqui assumimos o controle de Maxine Caulfield de 18 anos, conhecida por todos como Max, que acaba de voltar pra sua cidade natal (Arcadia Bay) para fazer universidade de fotografia.
O jogo começa com Max no meio de um tornado que destrói toda a cidade, quando ela acorda durante sua classe de fotografias. Tudo não passou de um sonho, e quando ela vai até o banheiro tomar um pouco de ar, acaba presenciando uma briga entre duas pessoas.
O problema é que uma das pessoas possuía uma arma, e acaba disparando na outra. Max se surpreende com o que acaba de ver, e acaba voltando no tempo, impedindo que a pessoa tome o tiro. Agora cabe ao jogador entender o que aconteceu, quem é Chloe e assumir as consequências das reviravoltas que a história apresenta.
Sabe apresentar uma história
Life is Strange sabe como apresentar uma história bem forte, emocionante e envolvente dentro de sua narrativa. Tudo é construído com base na quebra de expectativa e como consequência sempre queremos saber o que vai acontecer depois, sem falar que cada episódio sempre terminava em um Cliffhanger, que explicando de forma bem superficial, é o exato momento quando a obra termina bem no momento em que estamos em busca de mais informações, garantindo que voltemos quando sair a continuação. Por exemplo, o filme De Volta Para o Futuro termina com um Cliffhanger.
Aqui temos temas polêmicos como violência doméstica, drogas, bullying entre outros, mas tudo é feito da forma mais natural possível, sendo apresentados como parte da vida da Max, ou melhor dizendo, como parte da vida de qualquer pessoa que uma hora ou outra acaba esbarrando nesses mesmos temas, e cabe a nós tomar as melhores decisões possíveis, tudo de forma bem realista, o que me fez criar uma grande empatia com a personagem.
A única diferença da vida real, é que podemos voltar no tempo em caso de que o desfecho da situação não seja aquilo que estávamos esperando, e isso dá ao jogador controle total sobre o destino da Max, mas nem toda situação é preto ou branco e existem vários momentos de cinza onde o jogo nos obriga a refletir sobre determinadas situações e ações. O mais legal é que tudo é intencional, pois o próprio jogo coloca a Max para refletir enquanto nada acontece na tela e apenas escutamos uma música relaxante até que decidimos seguir em frente, e obviamente existem momentos onde o jogo não nos permite voltar, e temos que assumir as consequências dos nossos atos, mas tudo dentro do contexto e sem surpresas, de uma forma bem justa.
Os personagens são carismáticos, a dublagem é excelentes e realmente conseguem transmitir emoção ao jogador, ajudando na imersão. No final o jogo deixa algumas pontas da história solta, mas nada que chega a estragar a experiência do jogador, porque no final é apenas isso que esse título quer proporcionar, uma experiência.
Níveis de profundidade
Além da história ser tudo isso que já comentei, o jogo sabe recompensar aqueles que buscam mais detalhes. Tudo aqui está ali por alguma razão, desde os cartazes nas paredes, objetos nos cenários, comentários de personagens secundários, tudo está ali para dar mais contexto sobre o passado e a personalidade dos NPCs.
O jogo também possui várias referências da cultura pop, como por exemplo um determinado tornado e uma borboleta logo antes de poder voltar no tempo (butterfly effect), ou como a Max comenta sobre um certo jogo famoso da Square Enix que por acaso estava por ali. Essas referências são bem divertidas mas somente os mais atentos vão conseguir perceber-las pois tudo é bem sutil.
A mecânica de voltar no tempo não serve apenas para tomar decisões pois existem vários quebra-cabeça que temos que solucionar com a ajuda da Max e seu poder conveniente. Alguns puzzle são bem chatos mas na grande maioria são bem inteligentes e interessantes, principalmente quando se conectam diretamente com a narrativa principal.
Quando completamos um capítulo, podemos comparar as nossas escolhas com as escolhas de outros jogadores, e eu encontro isso super interessante pois dá para saber se o mundo está perdido ou se eu simplesmente penso igual a grande massa.
Life is Strange é bem interessante de ser jogado, principalmente para aquelas pessoas que não tem costume de jogar nenhum tipo de jogo, ou por quem ficou muito tempo afastado do mundo dos videogames e diz que os jogos são coisa de criança.
Resumindo, a experiência entregue é bem satisfatória em relação ao que o jogo se compromete a oferecer, e isso sem falar na maravilhosa trilha sonora que era algo que eu nem estava esperando quando decidi experimentar este título.
Polimento
Infelizmente o jogo não é muito polido, mas entendo que foi por um tema de escolher de maneira estratégica, onde gastar os recursos do projeto, como tempo, dinheiro, mão de obra e etc.
Como a maior parte dos recursos foram gastos tendo a história como foco, os controles acabaram ficando mal otimizados. Existem momentos que é extremamente difícil controlar a Max, e a câmera mais te atrapalha do que ajuda, além de bugs onde o jogo já não te permite interagir com determinados objetos, sendo que a opção de interagir está lá.
Os gráficos também não são os melhores do mundo e a movimentação é meio robótica, mas o pior aqui são os desafios para ganhar as conquistas, onde devemos tirar fotos de determinadas coisas do cenário. Apesar de ser opcional e ter gente que gosta disso, eu particularmente encontro que quebra a imersão do jogo se tornando algo totalmente dispensável, já que não adiciona nada para a história.
Fator Replay
A aventura é relativamente curta, e infelizmente não faz muito sentido jogar novamente, pois apesar de o jogo ter várias escolhas e consequências, no final das contas as alterações são superficiais, de modo que não vale a pena rejogar o título, pois o núcleo da história segue sendo o mesmo.
Outra coisa que atrapalha na hora de rejogar, é que não é possível pular e nem acelerar as cenas, então somos obrigados a assistir tudo outra vez.
Também temos a opção de dois excelentes finais bem diferentes um do outro, mas o que decide entre um final ou o outro, é uma única escolha que fazemos no fim do jogo, então não importa tudo o que aconteceu durante a narrativa, o final mudará dependendo da nossa escolha final e pronto.
Life is Strange tem uma história incrível e envolvente mas peca na jogabilidade. Claramente este não título não foi produzido para ser jogado várias vezes, pois o importante aqui é a jornada e não necessariamente o destino. É um título perfeito para os amantes de um bom enredo e também para aqueles que não estão familiarizado com o mundo dos videogames.