
Dragon Quest 5 - A Minha Análise
Você já enfrentou um chefão final... ao lado dos seus filhos?
Parece exagero, né? Mas acredita que foi exatamente isso que aconteceu comigo em Dragon Quest V? Eu comecei esse jogo só querendo relaxar um pouco, sabe? Tipo: “deixa eu testar esse RPG clássico aqui rapidinho...” E terminei a jornada... como pai de família, lutando ombro a ombro com meus filhos, tentando salvar o mundo. Isso mesmo: filhos, no plural. Três gerações numa mesma aventura. Uma história que começa com você sendo apenas um garotinho curioso, e termina com você passando o bastão pro seu próprio herdeiro. Me arrepia só de lembrar.
E o mais doido é que eu nem esperava tudo isso. Pensei que fosse só mais um JRPG — esses RPGs japoneses com muita história, bastante emoção, combates por turno... sabe como é. Mas Dragon Quest V? Ele foi muito além. Me surpreendeu, me emocionou, me deixou pensando nele por dias. Foi tipo assistir um filme daqueles que você termina e fica olhando pro teto, em silêncio, sentindo tudo de novo por dentro. Já aconteceu isso com você?
Então fica aqui comigo, porque o que eu vivi nesse jogo... não foi só uma aventura. Foi quase uma vida inteira condensada em 37 horas de gameplay.
Imagina só: um jogo onde você começa como filho de um herói lendário. Você não é o escolhido, não no começo. É só um garoto, andando de cidade em cidade com seu pai, o Pankraz — aquele tipo de personagem forte, calado, misterioso, mas com um coração enorme. Sabe aquele pai que não diz tudo, mas você sente que ele faria qualquer coisa por você? É ele.
E logo nos primeiros minutos você conhece a Bianca. Uma garotinha destemida, sua parceira de travessuras. Vocês vivem juntos uma miniaventura numa casa mal-assombrada. É tudo bem leve, divertido, mas já deixa claro: esse jogo quer que você se apegue. Quer que você se envolva. E aí vem o golpe...
De repente, tudo muda. Seu pai é traído. É morto na sua frente. Você ainda é criança, não pode fazer nada. E aí... você é escravizado. Isso mesmo. Escravizado. Passa anos carregando pedras, preso, longe de tudo. Isso é chocante. Pra um jogo de 1992, era ousado demais. A primeira vez que joguei essa parte, eu fiquei parado, tentando processar o que tinha acabado de acontecer. Porque não era só sobre a perda. Era sobre o tempo. Sobre crescer na dor. Sobre como a vida muda — e nem sempre pra melhor.
E quando você finalmente escapa... já é adulto. O tempo passou. A vida continuou. E agora é você quem precisa decidir o rumo da história. É tão simbólico. Porque ali, naquela transição, eu senti que o jogo não queria só contar uma história de herói. Ele queria que você vivesse uma jornada de amadurecimento. E isso me pegou em cheio.
Logo depois, vem uma das partes mais únicas que eu já vi num RPG: o casamento. Isso mesmo! Você tem que escolher com quem vai se casar. E não é só um “escolhe aí rapidinho e pronto”. Não! O jogo constrói isso. Dá contexto. Te mostra três pretendentes, cada uma com personalidade própria. Tem a Bianca, sua amiga de infância; a Nera, toda gentil e refinada; e a Debora, que é mais mandona e direta. Eu escolhi a Bianca. Foi uma decisão do coração, sabe? As memórias, o carinho... não deu pra resistir.
E o casamento em si... nossa. Foi emocionante de verdade. Te juro. A música tocando, os convidados reunidos, a atmosfera.. . Eu fiquei com um sorriso no rosto do início ao fim. E pensei: “Ué, é isso? Acabou?” Só que aí... surpresa: sua esposa entra na party. Sim! Ela viaja com você, luta com você, conversa com você. E mais pra frente... ela engravida. E você tem filhos! Filhos gêmeos! E pode dar nome pra eles, ver eles crescerem, interagir com eles. E quando eles entram no seu grupo pra lutar ao seu lado... eu quase chorei.
E não era só pela emoção de ter filhos no jogo. Era pela forma como isso muda tudo. Cada batalha ganha um novo peso. Você começa a pensar diferente. A proteger mais. A curar antes. A planejar melhor. Porque não é só mais um personagem qualquer na party. São seus filhos! Você viu eles nascerem. E isso... transforma a experiência. Nunca tinha sentido isso num jogo.
E aí vem uma das maiores viradas: você descobre que o verdadeiro herói da lenda... não é você. É o seu filho. Você foi só o elo. O pai que preparou o caminho. E isso mexeu demais comigo. Porque é tão real, né? Quantas vezes, na vida, a gente não sonha com o sucesso... mas acaba percebendo que o mais bonito é ver quem a gente ama brilhar? Me deu um orgulho enorme. Sério.
Agora, olha que curioso: esse sistema de contar a história em gerações, de ter monstros como aliados... Antes de Pokémon existir, ele já deixava você recrutar monstros pras suas batalhas. E não era só pra enfeite, não! Eles tinham habilidades próprias, podiam evoluir, aprender magias diferentes... Eu passei horas tentando recrutar um golem.
E a ambientação? Mesmo sendo um jogo de Nintendo DS com gráficos simples, cada lugar tem alma. As cidades têm clima, música, personagens únicos. Algumas você visita quando é criança, e depois retorna como adulto. E aí... vê como tudo mudou. Pessoas cresceram, lojas fecharam, NPCs comentam o tempo que passou. É como revisitar sua cidade natal anos depois. Dá uma sensação de nostalgia, sabe?
E tudo isso com o traço do mestre Akira Toriyama — o mesmo de Dragon Ball. Então já imagina: os monstros são cheios de personalidade, os personagens principais têm aquele charme todo especial. O slime, por exemplo, é tão carismático que parece um mascote. E a trilha sonora... que trilha. Koichi Sugiyama criou composições orquestradas que se encaixam perfeitamente em cada cena. A música do casamento? De verdade, parecia que eu tava casando de verdade. É uma experiência sonora que te abraça.
Claro, nem tudo são flores. O grind — aquele momento de ficar enfrentando inimigo pra subir de nível — pode cansar. Principalmente porque todo novo personagem começa no nível 1. Isso inclui seus filhos! Então você sai de uma cena emocionante... pra ficar treinando o filho no mato com slime. É engraçado, mas às vezes quebra o ritmo. E tem alguns sistemas secundários que podiam ser melhores — tipo as fichas colecionáveis, que não têm muito uso real.
Mas o jogo compensa isso com coisinhas divertidas: cassino, corrida de slime, tabuleiros com minigames, o tapete mágico... Uma das melhores partes. Você pode voar com ele por terra e mar, acessar áreas antes bloqueadas... Dá aquela sensação de liberdade que só bons RPGs conseguem entregar.
E nos bastidores do jogo, tem coisa interessante também. Dragon Quest V foi o último da série feito pela Chunsoft, e é o favorito do criador Yuji Horii. Ele queria fugir do clichê do herói solitário e criou um jogo sobre a vida. E conseguiu. O Toriyama tava trabalhando nesse jogo enquanto também desenhava a saga do Cell em Dragon Ball Z! Imagina o caos! E o Sugiyama? Compôs tudo como se fosse trilha de cinema, e gravou com orquestra. E tudo isso num cartucho minúsculo!
E um detalhe que pouca gente percebe: foi um dos primeiros jogos a mostrar uma personagem grávida participando da aventura. Sua esposa viaja com você, mesmo esperando os bebês. Isso, lá em 1992! Era revolucionário. Trazia uma visão da mulher forte, presente, corajosa. Não era só coadjuvante, era parte ativa da jornada.
No final das contas, Dragon Quest V não foi só mais um RPG. Foi uma experiência que mexeu comigo. Me fez rir, chorar, pensar. Me deu aquela sensação de que eu vivi alguma coisa real ali dentro. Perdi pessoas, reencontrei outras. Vivi alegrias, tragédias, superações. Tudo isso em 37 horas. Uma jornada em que o tempo realmente passa. Os personagens crescem. O mundo muda. E você muda junto.
Sim, ele tem suas falhas. O vilão principal não é muito memorável. O sistema de grind cansa um pouco. Mas... e daí? Tudo isso fica pequeno perto do que esse jogo entrega. Porque ele toca em algo que vai além do gameplay. Ele fala sobre crescer. Sobre formar família. Sobre passar adiante.
E por tudo isso, minha nota pra essa jornada não podia ser outra: um sólido e merecidíssimo S.
S de Saga. S de Sentimento. S de Simplesmente Inesquecível.
Obrigado por assistir, e nos vemos por aí!